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Campanha

Sem tabus, uma vida normal

Por 30 de novembro de 2013março 6th, 2017Sem comentários7 min de leitura
GAPAC - sem tabus

A doença que já foi tabu e hoje ainda é alvo de preconceito pelos mais mal informados nunca assustou Maria. No dia 1º de dezembro, reconhecido como Dia Mundial de Luta Contra a Aids, a aposentada, moradora de Criciúma, é um exemplo de como superar e conviver bem com uma doença que não tem cura, mas que tem tratamento. Há 15 anos ela descobriu que era soropositivo, mas estima que já estivesse infectada pelo vírus HIV há dez anos, ou seja, são 25 anos vivendo, e vivendo bem. Para controlar a doença, ela toma um coquetel com cinco comprimidos por dia. “Eu sou uma sobrevivente porque eu quero viver. Tomo meu coquetel como se fosse vitamina. Tomo cinco comprimidos por dia e nunca caí em hospital por conta disso”, declara Maria.

Na época, há 25 anos, ela foi infectada em consequência de uma relação sexual sem proteção que teve, porém, dez anos depois, ela já estava casada com outra pessoa e engravidou. Quando a filha nasceu e precisou fazer exames foi que ela descobriu que era soropositivo, pois a menina também havia sido infectada. “Não deu nem tempo de chorar. Eu precisava cuidar dela, tinha que dar atenção para o meu marido, precisei seguir em frente”, conta. Só que o começo não foi tão fácil quanto ela gostaria. “Quando a minha filha tinha três anos o meu marido abandonou nós duas por causa da doença, ele não aguentou. A minha família também tinha preconceito no começo, mas hoje eles sabem que não se pega com um beijo, com um abraço, hoje está tranquilo”, afirma.

Além de tomar a medicação, ela e a filha também participam de grupos de apoio do Programa de Atendimento Municipal às DST/HIV/Aids (Pamdha). “De Aids ninguém morre mais. Tem tratamento e é gratuito. Participamos do grupo de terapia e estamos indo muito bem”, comenta. Inclusive, Maria lida tão bem com a situação, que auxilia no atendimento de outros pacientes. “Eu sou praticamente uma auxiliar do psicólogo. A gente conta as nossas histórias e isso conforta os outros, eles veem que não é aquele bicho que eles estão pensando”, diz. Hoje com 46 anos, ela não esconde de ninguém que tem a doença e vive normalmente, sem se importar com a opinião alheia. “Eu não tenho que sofrer porque ninguém paga as minhas contas, por isso eu dou minha cara a tapa”, afirma Maria.

Criciúma tem mais de 1,4 mil casos confirmados

Assim como Maria, mais de 1,4 mil pessoas estão infectadas pelo vírus HVI em Criciúma. Segundo os dados do Pamdha, 260 pessoas são soropositivo (estão infectadas, mas não ainda não tiveram a manifestação da doença) – – 132 mulheres e 128 homens -, 885 são doentes de Aids – 421 mulheres e 464 homens -, além de 293 pessoas que começaram o acompanhamento, mas não continuaram frequentando o programa. O serviço ainda atende 342 pacientes de outros municípios. Segundo a coordenadora do programa, Caroline Inacio Spilere, Criciúma sempre figura entre as cidades do país com maior incidência de casos novos de Aids por ano. “Na estimativa de 2011 Criciúma ficou em sexto lugar”, comenta Caroline. E mesmo com o controle, ela explica que não é possível saber o número certo e que a estimativa é de que para cada uma pessoa que sabe que é soropositivo, existem outras três que não sabem.

Para descobrir é fácil, basta se dirigir a qualquer unidade de saúde do município e pedir para fazer o exame. Primeiro a pessoa passará por um aconselhamento, em que o profissional de saúde fará perguntas de praxe, e depois ela será encaminhada para um dos postos de coleta para fazer o exame de sangue. Entretanto, ela alerta para a “janela da imunidade”, que é o período que o vírus leva para se manifestar. “Se a pessoa se expôs a uma situação de risco hoje, o exame no dia seguinte não conseguirá detectar. Nós trabalhamos com o período de três meses para que o vírus já esteja visível”, afirma Caroline. Porém, se a pessoa entrou numa situação de risco com outra e saiba que ela é soropositivo, deve na mesma hora procurar o Pamdha para tomar a medicação, o que evitará o desenvolvimento do vírus.

Atividades visam à prevenção e à conscientização

Com o objetivo de conscientizar a população sobre a prevenção e diminuir o preconceito a respeito da doença, os profissionais do Sistema de Saúde de Criciúma, em parceria com o Grupo de Apoio e Prevenção à Aids de Criciúma (Gapac) e com a ONG Equipe Voluntária Brasil (EVB), realiza, desde a semana passada e pelos próximos dias, diversas atividades com a população. Neste sábado eles estarão na Praça Nereu Ramos, das 9h às 12h, realizando o teste rápido da Aids gratuitamente. Na terça-feira, mais uma manhã de testes rápidos será disponibilizada na sede do Pamdha, no Centro de Especialidades de Criciúma, e à tarde os profissionais farão uma panfletagem no terminal central.

A programação encerra na quinta-feira, com o 4º Encontro de Educadores Papo da Vez, voltada principalmente a profissionais, onde especialistas abordarão o tema. O evento é gratuito, será realizado no auditório Ruy Hülse, na Unesc, das 8h às 17h30min, e as inscrições podem ser feitas no site www.evb.org.br ou no Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unesc.

Também durante essa semana, a equipe das unidades de saúde, os motoristas dos ônibus amarelinhos e outras instituições que aderiram à causa estarão vestidos com roupas vermelhas, a cor da campanha que tem como símbolo o laço da prevenção. “O laço simboliza a solidariedade. A mensagem que queremos passar é de que as pessoas consigam ser solidárias com os soropositivos e também lembrar aqueles que não estão infectados que continuem sempre se prevenindo. O que a gente percebe é que as pessoas têm conhecimento, são orientadas, mas mesmo assim não usam o preservativo na “hora H”, comenta Caroline.

Fonte: Bruna Borges – reportagem@atribunanet.com
http://www.clicatribuna.com/noticia/geral/sem-tabus-uma-vida-normal-3269

GAPAC

O GAPAC, Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS de Criciúma. é uma instituição que trabalha efetivamente na prevenção de DST/ HIV/ AIDS; apoiando e realizando ações que promovam a vida e a igualdade de direitos, excluindo preconceitos e discriminação. Propondo atividades fundamentais afim de auxiliar nesse processo de construção da cidadania.

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